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terça-feira, 25 de outubro de 2011

CADÊ EU?


     Numa cidade vivia um menino distraído e esquecido. Nunca encontrava suas coisas na hora que procurava.   De manhã, na hora de se vestir e ir para a escola, era um problemão. Um dia teve uma idéia: pegar um papel, anotar o que precisava para não se esquecer de nada. E assim fez.
     Acordou, levantou-se, pegou a lista e começou a procurar suas coisas: achou a roupa, os sapatos, a pasta com os livros e cadernos. Já ia saindo quando começou a chorar. Sua mãe o acudiu assustada e perguntou o que houve. Respondeu o menino:
     -Eu achei tudo  que estava na lista, menos uma coisa. Cadê eu?


    Enxergar o mundo com os olhos de uma criança remete-nos aos grandes desafios não resolvidos e esquecidos, mas que voltarão à nossa lembrança fazendo que nos percamos de nosso “eu”, da nossa auto-referência e da concepção que temos de nós.
    Este conto usa a figura infantil e sua fala para mostrar o que precisamos deixar de ser fazendo com que a criança, que insiste em morar em nós, enfrente o mundo adulto com seus obstáculos, resgatando o que deixamos perdidos e que em vão tentamos esquecer.

    Resgatando os fragmentos, que distorcem nossos valores iremos à busca do nosso “eu”. Para sobrevivermos é necessário não abrirmos mão de nós mesmos e a cada momento surgido tentar recolher todos os pedacinhos de nosso ser, reconstruindo nossa personalidade e fazendo de nós o diferencial neste mundo que vivemos.

    Nesta busca, neste encontro, deixaremos de perguntar: "Cadê eu?"

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O PONTO NEGRO

     Certo dia, um professor chegou à sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova-relâmpago.

     Todos acertaram suas filas, aguardando assustados o teste que viria.

     O professor foi entregando, então, a folha da prova com a parte do texto virada para baixo, como era de costume.

     Depois que todos receberam, pediu que desvirassem a folha. Para surpresa de todos, não havia uma só pergunta no texto, apenas um ponto negro, no meio da folha.

     O professor, analisando a expressão de surpresa que todos faziam, disse o seguinte:

      - Agora, vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.

     Todos os alunos, confusos, começaram, então, a difícil e inexplicável tarefa.

     Terminado o tempo, o mestre recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redações em voz alta.

     Todas, sem exceção, definiram o ponto negro, tentando dar explicações por sua presença no centro da folha.

     Terminada a leitura, a sala em silêncio, o professor então começou a explicar: - Esse teste não será para nota, apenas serve de lição para todos nós. Ninguém na sala falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções no ponto negro
     O ponto negro representa o desconhecido, o que aciona em nossa mente o descontrole dos momentos de medo, da busca do que não se conhece e que habitam nossas fantasias.

     Nesse olhar, que busca o que nos falta, o de não sabermos o que queremos, de situações comprometidas com o “sem saída”, deixamos de ver a simplicidade da vida nas atitudes que não tomamos.

     É necessário educar nossa visão para o “além” do ponto negro: o que temos ao redor, as boas coisas que a vida nos oferece, a família que construímos o sustento que conquistamos, as amizades que fizemos, a saúde e as alegrias do dia-a-dia.

     Nossa memória afetiva necessita ser ampliada para que não vejamos apenas o ponto negro, e sim todo o bem que está à nossa volta e termos a certeza que, com a força do bom pensamento, podemos reverter situações, pois não há mal que nunca tenha um fim.

    SOMOS SEMPRE LEVADOS PARA O CAMINHO QUE DESEJAMOS PERCORRER.”

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

UM CONTO

     Conta-se que no século passado um turista viajou a Jerusalém, com o objetivo de visitar um famoso sábio.

     O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros.

     As únicas poucas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.

      - Onde estão seus móveis?  - perguntou o turista.
      O sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:

      -E onde estão os seus...?
      -Os meus?!  - surpreendeu-se o turista - mas estou aqui só de passagem!
      -Eu também... -concluiu o sábio.

     Esta passagem é muito importante, mostrando-nos imagens interessantes da formação da bagagem que trazemos ao cortarmos nosso cordão umbilical com nossa mãe, das quedas na procura do nosso “eu”, das nossas experiências de dor, dos encontros curativos, dos tropeços, das nossas vitórias e as experiências que o mundo-referência fará escolher o que guardarmos.

     Por vezes, a bagagem torna-se muito pesada para que sozinhos possamos transportá-la em tão longa ou curta viagem, pois só o Criador determina esse tempo. E é neste tempo que tomamos consciência que o tempo desse tempo que imaginamos e ansiamos não é a espera e sim a qualidade que damos a ele. Quanto e qual o tempo? Nossa dúvida ao arrumar nossa bagagem nos traz o sentimento de finitude e esquecemos que o amanhã pode ser que não chegue e que o “hoje” é sempre o “hoje” - o momento que vivemos.

     É importante selecionar o que queremos levar conosco, não só em bens materiais, mas o produto de uma sabedoria de vida, da busca do nosso “eu”, da estrutura da fé, do controle dos nossos desejos e de nossa estabilidade emocional.

     E nesse encontro descobrimos que nossa bagagem está completa, cheia de sabedoria, e tomamos a consciência que aqui estamos apenas de passagem devendo aprimorar nosso conhecimento e a nossa fé, pois é o que levaremos junto a nós.

     “Qual é o homem mais sábio e mais digno de confiança? O que aceita as coisas como elas são.”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

FOLHA EM BRANCO

     Certo dia, um professor estava aplicando uma prova aos seus alunos, que, em silêncio, tentavam responder as perguntas com certa ansiedade. Faltavam uns quinze minutos para o encerramento e um jovem levantou o braço e disse:
     - Mestre, pode me dar mais uma folha em branco?
      O professor levou a folha até sua carteira e perguntou-lhe porque queria mais uma folha em branco. O aluno respondeu:
     - Eu tentei responder as questões, mas minhas ideias estavam confusas e queria começar outra vez.
      Apesar do pouco tempo que faltava, o professor confiou no rapaz, deu-lhe a folha em branco e ficou torcendo por ele. A atitude do jovem causou-lhe simpatia que, tempos depois, ainda se lembrava daquele episódio simples, em que um jovem reconhecia sua confusão e procurava retificá-la.


     “Que tipo de pessoa eu me tornei?”

     Estamos numa época de muitas reflexões, arrependimentos e o compromisso de adotar posturas que nos tornem melhores seres humanos.

     Segundo o Talmude “As transgressões do homem contra D’us – o Dia do Perdão as absolve, porém as transgressões contra o próximo, o Dia do Perdão não as expia a menos que o indivíduo se reconcilie com o próximo e repare o erro cometido.”

     Metáfora é uma das mais poderosas figuras de linguagem com sentido de comparação, coexistindo com histórias, levando mensagens que queremos comunicar.

     Este conto nos transmite que mesmo que não peçamos, o Divino nos oferece a cada dia uma nova folha em branco para que contemos nossa história, corrigindo erros, assumindo um novo capítulo baseado em regras éticas e escrevendo, usando as tintas do coração, o “nosso livro da vida”, onde estarão em letras vibrantes: a dignidade, fraternidade, esperança e a fé. E nesse “hoje”, reflitamos sobre todos os atos cometidos, corrigindo-os e nos tornando dignos de mais uma vez sermos inscritos no “LIVRO DA VIDA”

     Que este ano possa ser um ano de equilíbrio, que tenhamos a percepção de fazer parte de um mundo “ÚNICO”, onde as diferenças sejam vistas apenas como “diferença”, sem preconceitos, nos unindo por uma vida plena de amor e respeito.
 
     GMAR CHATIMÁ TOVÁ!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O ARREPENDIMENTO

     Dois homens estavam em um trem para visitar um grande rabino; um estava deprimido e preocupado, enquanto o outro estava alegre e feliz, totalmente despreocupado. Ambos iam pedir conselhos para o Ano Novo que se aproximava e como ter um julgamento positivo. O mais alegre tentou animar seu companheiro, de várias maneiras, mas sem sucesso.
 
     Ao chegarem ao rabino, este questionou sobre suas ações no ano que passou: o mais triste informou que tinha cometido um grande pecado, enquanto o outro disse que não fizera “nada de mais”. O rabino, então, pediu que ambos fossem ao jardim da cidade. Ao triste ordenou que trouxesse a maior pedra que encontrasse lá e ao alegre que lhe trouxesse um saco cheio de pedrinhas. Após retornarem com a “missão cumprida”, o rabino ordenou que ambos recolocassem as pedras no exato local de onde as tomaram, explicando que esse processo era similar ao da Teshuvá.
 
     Ele explicou:
      - A ti, que estava triste por teu grande pecado, trazer a pedra grande trouxe a exaustão e isto incomodou, assim, também, o teu pecado foi um grande fardo e incomodou, logo teu arrependimento é mais duro, porém “mais fácil” é consertar tua falha (levar a pedra de volta ao exato local). Já tu, que não deste importância às pequenas falhas, garanto que terás muita dificuldade de colocar este monte de pedrinhas no seu exato local. Neste momento, o “triste” removeu seu duro fardo e estava alegre em saber que podia corrigir sua falha. Já o “alegre” ficou preocupado, pois realmente não sabia como devolver as pedras no jardim, menos ainda corrigir as falhas que não eram ”nada de mais
”.




     Estamos a poucos dias de Rosh Hashaná, que é considerado o Dia do Início do Julgamento.

     Na literatura rabínica, segundo nossa história, aconteceram, neste período, fatos que marcaram nosso povo. Consideramos essa época como o início da introspecção até o Dia de Yom Kipur, quando o Criador julga os atos dos homens.

     Os fatos deste conto mostram atitudes opostas. Quem vai ao rabino com o coração pesaroso e seus grandes pecados, mas com vontade de redimir-se, de assumir punições merecidas, de fazer teshuvá, encontrará o mais profundo desejo de retomar o bem.

     O arrependimento é uma mudança de atitude e exige uma mudança de conduta.

     Que, com o arrependimento de nossos pecados, encontremos o caminho para que o Criador permita que tenhamos nossos nomes inscritos no Livro da Vida..

 
     “O arrependimento prolonga a vida do Homem.”