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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

UM CONTO

     Conta-se que no século passado um turista viajou a Jerusalém, com o objetivo de visitar um famoso sábio.

     O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros.

     As únicas poucas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.

      - Onde estão seus móveis?  - perguntou o turista.
      O sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:

      -E onde estão os seus...?
      -Os meus?!  - surpreendeu-se o turista - mas estou aqui só de passagem!
      -Eu também... -concluiu o sábio.

     Esta passagem é muito importante, mostrando-nos imagens interessantes da formação da bagagem que trazemos ao cortarmos nosso cordão umbilical com nossa mãe, das quedas na procura do nosso “eu”, das nossas experiências de dor, dos encontros curativos, dos tropeços, das nossas vitórias e as experiências que o mundo-referência fará escolher o que guardarmos.

     Por vezes, a bagagem torna-se muito pesada para que sozinhos possamos transportá-la em tão longa ou curta viagem, pois só o Criador determina esse tempo. E é neste tempo que tomamos consciência que o tempo desse tempo que imaginamos e ansiamos não é a espera e sim a qualidade que damos a ele. Quanto e qual o tempo? Nossa dúvida ao arrumar nossa bagagem nos traz o sentimento de finitude e esquecemos que o amanhã pode ser que não chegue e que o “hoje” é sempre o “hoje” - o momento que vivemos.

     É importante selecionar o que queremos levar conosco, não só em bens materiais, mas o produto de uma sabedoria de vida, da busca do nosso “eu”, da estrutura da fé, do controle dos nossos desejos e de nossa estabilidade emocional.

     E nesse encontro descobrimos que nossa bagagem está completa, cheia de sabedoria, e tomamos a consciência que aqui estamos apenas de passagem devendo aprimorar nosso conhecimento e a nossa fé, pois é o que levaremos junto a nós.

     “Qual é o homem mais sábio e mais digno de confiança? O que aceita as coisas como elas são.”

Um comentário:

  1. Tenho lido e acompanhado os seus contos e só tenho elogios a fazer. A Sra. permite que eu faça a leitura deles no quadro "Pérolas Judaicas" do site da nossa Sinagoga Anussin Brasil de Ponta Grossa, PR? Parabéns pelos escritos. O meu nome social no site é Benyamin Zait.

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