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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pessach - festa da Liberdade

PESSACH, A FESTA DA LIBERDADE
          Pessach comemora a saída da escravidão para a liberdade, da escuridão para a luz, da ignorância para a educação, da exclusão para a cidadania, perpetuando para todas as gerações futuras a lembrança de que escravos um dia fomos, e hoje libertos entendemos e valorizamos a liberdade conquistada.
        Em todas as gerações cumpre-nos relatar acerca da saída do Egito e da busca da liberdade, discutindo seu significado e assumindo plenamente nossa condição de cidadão do mundo. Nascemos para sermos livres, mas, liberdade significa muito mais:responsabilidade com consciência e tolerância com as diferenças, construindo noções de justiça e solidariedade.
        Comemoramos o Êxodo sempre em nossas preces, porque a cada dia devemos nos libertar do orgulho, do preconceito, respeitando a vida, a liberdade e a dignidade de todo ser humano, acreditando que cada pessoa é um mundo inteiro e que podemos fazer um MUNDO DE DIFERENÇA.
        Vamos abrir nossos corações e receber a energia que emana desta data nos libertando da escravidão do nosso ego inflado, pois não há maior prisão do que a imposta por nossa própria vaidade. Aí reside o que mais nos escraviza.

        Escravos fomos e, hoje, em nosso momento de reflexão brindamos a LIBERDADE.

domingo, 15 de setembro de 2013


Pensando sobre Rosh Hashaná

          Certa vez um homem do interior foi visitar a cidade grande.

          De repente surgiu um incêndio; ouviu uma sirene tocando e logo apareceram carros de bombeiros com escadas e mangueiras.

          Feliz, ele comprou uma sirene e voltou para sua cidade contando a todos que trouxera a solução para qualquer incêndio.

          Passados alguns dias, um incêndio começou a se alastrar e o bom homem acionou a sirene. Esperou, esperou e nada. Todos aguardavam ansiosos para ver como funcionava a grande invenção. Mas nada!!! Foi responsabilizado pelos danos causados.

          Voltou, então, à cidade a fim de reclamar do defeito da sirene.

          Nesta hora o homem da cidade explicou: a sirene é só um sinal. Sem preparar um Corpo de Bombeiros, nada iria funcionar!

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          Nestes momentos de reflexão em que nos damos uma pausa para a grande missão de preservar os milenares valores judaicos, procuramos repensar sobre atos do dia a dia, concentrando-nos no passado e esquecendo o presente e o futuro. O que queremos, o que fazemos, o que esperamos é o que nos transforma para resolvermos recomeçar com uma nova visão de vida.

          O toque do shofar passa a ser o aviso para que vivamos o “hoje” modificando atitudes e acreditando que teremos o mundo que construirmos, assim como a maçã com mel é somente uma sirene.

          Que o Novo Ano traga Paz e Saúde para todos os povos.

          Shaná Tová Umetuká!

sexta-feira, 9 de março de 2012

A vida

                Conta-se a história de um homem que veio da Europa para os Estados Unidos. Antes de partir, encontrou-se com seu rabino e lhe fez uma pergunta: “Rabino, qual o significado da vida?” E o rabino lhe respondeu: “A vida é como uma montanha”.
            O homem partiu e viajou para a América e pelos 10 anos seguintes ficou se atormentando para entender a profundidade e o significado das palavras do rabino. Finalmente, não conseguindo mais se aguentar comprou uma passagem e pegou o navio de volta para a Europa, para perguntar ao rabino o significado daquela indecifrável comparação. “Rabino”, ele apelou, “O que o senhor quis dizer com “A vida é como uma montanha?”E o rabino respondeu: “Bem, nu... talvez a vida não seja como uma montanha!”...


                O pensamento judaico exalta a vida e diante dela devemos ter objetivos definidos para melhor vivê-la. Refletir sobre a vida e a morte faz parte da profunda filosofia do judaísmo, pois cada vida humana, por seu valor, deve por todos os meios ser protegida e será julgada por toda a eternidade.
            “Aquele que destroi uma vida é tão culpado quanto aquele que destroi o mundo inteiro. Qualquer um que salve uma vida é como se tivesse salvado o mundo inteiro.” (Talmude)                
            O que é a vida?
            É saber enfrentar os desafios que aparecem e que só nos é dado na dose certa do que podemos suportar .
            É superar tristezas, pois tudo na vida passa. As tristezas e alegrias devem ser vividas intensamente com a mente aberta para o que nos quer ensinar.
            É viver cada dia com fé, amor a si e ao próximo fazendo com que nossa passagem deixe marcas positivas, desempenhando a nossa tarefa com coragem e olhando o futuro com olhos de mistério para a cada dia tentar desvendá-lo.
            É ter a consciência de que chegamos ignorantes ao mundo e nada sabemos quando nos vamos.
            “Se amas a vida, ela te corresponderá”.

sábado, 24 de dezembro de 2011

O rei Salomão e o anel mágico

     O rei Salomão foi um dos mais sábios de todos os homens. Ele entendia até mesmo a linguagem dos pássaros e de outros animais. Por ser tão inteligente, às vezes ficava tão feliz e não se comportava como um rei. Outras vezes ficava tão triste, que tudo lhe parecia sombrio e sem esperança.
Numa manhã, ao sair para ir ao Mercado, viu lojistas vendendo seus produtos e crianças brincando na rua. De repente, avistou um comerciante contando vantagem: “Eu sou o maior joalheiro de toda a Terra. Ninguém faz uma joia como eu!”.

     Salomão não gostou de ouvir alguém tão convencido. Foi até o homem e disse: “Você realmente acha que é o joalheiro mais talentoso da Terra? Então, eu quero que me faça um anel que me deixe calmo quando estiver muito feliz e eufórico. E quando eu estiver triste e deprimido, me levante o ânimo. A joia deverá ser entregue até amanhã à noite.”.
     O comerciante ficou muito preocupado com a ordem do rei, porque era um simples artesão. Foi para casa triste e amedrontado, pensando como faria para produzir tal anel. Pensou muito e, tendo uma ideia, começou a criar o anel, moldando-o em ouro enquanto trabalhava.
     No dia seguinte, correu para o palácio levando o anel para o rei. O rei Salomão olhou para o anel e para o comerciante, concordando com a cabeça. “Você realmente realizou o meu pedido. Toda vez que eu olhar para esse anel, saberei que as tristezas são temporárias e que os momentos alegres também se vão.” No anel estava gravado:
                             “ISSO TAMBÉM PASSARÁ”.

     A vida é feita de momentos. Momentos em que nos faltam o chão, quando nos sentimos incapazes de ultrapassar os obstáculos que nos cegam não deixando que vejamos soluções para resolvê-los. Nesta hora esquecemos que nada nos é dado sem que tenhamos condição da superação.
     “Preocupações não ajudam o presente, mas seguramente arruínam o futuro.”
     Momentos de muita alegria, felicidade e paz farão parte do nosso viver e gostaríamos de eternizá-los.
     Mas é nesse vai-e-vem que a vida mostra que tudo tem um motivo para ser vivido, sendo das dificuldades que tiraremos força para o nosso crescimento, nossa evolução, nossa sabedoria de vida, encontrando a fé no Divino.
     Neste conto, o rei Salomão, considerado o Sábio dos sábios, reconhece que a vida sempre nos proporciona duas faces, e nenhuma delas é eterna. Assim como gira o mundo, as alegrias e tristezas seguem o mesmo caminho, fazendo com que encontremos o nosso equilíbrio e reconhecendo que             “ISSO TAMBÉM PASSARÁ

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Contradições

     Conta-se que dois amigos em um restaurante encomendaram ao garçom um mesmo prato.
     Quando o garçom trouxe os dois pratos, havia duas partes distintas, uma delas bastante maior que a outra. Os dois amigos começaram a fazer cerimônia, dizendo que o outro que escolheria primeiro. Finalmente, um deles tomou a iniciativa e escolheu a parte maior.
     O outro ficou horrorizado e não se conteve:
    “Não acredito no que você fez!”
     O primeiro, surpreso, disse: “Mas o que foi que eu fiz?”
     “O que você fez? Você viu que tinham duas postas diferentes, uma maior e a outra menor... e você foi logo pegando o maior!”
     “Mas o que você teria feito no meu lugar?” - indagou o primeiro.
     “É óbvio que eu teria pegado o menor.”
     O primeiro então concluiu: “E então... qual é o seu problema?”

     As palavras muitas vezes têm sentido contraditório e a resposta está no sentir. A vulnerabilidade das nossas emoções nos faz transformar uma palavra num sentimento dúbio de verdade e mentira, fazendo com que situações sem importância caiam num vazio, em que recuperar o perdido seja difícil sem deixar marcas.
     Não assumir a consequência de nossos atos, transferindo ao outro as decisões que temos de assumir, faz com que sintamos incômodo pelas atitudes que não tomamos.
    Estamos sujeitos a nos eximir de atos que possam nos constranger, refletindo um conflito em lidar com a imagem que muitas vezes vemos espelhadas ao nos olharmos.

     “É fácil censurar os outros; difícil é ser censor dos próprios atos"
                                                                                      (texto judaico)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Os figosPor Elenise Benjó



Num reino distante, o rei possuía uma plantação de figos especiais e incumbiu dois deficientes, um que era cego e outro que era aleijado, para tomar conta da plantação. Depois de algum tempo, o rei avisou que já havia figos maduros. O cego disse ao aleijado: “Leve-me até os figos porque não posso ver!” O aleijado retrucou ao cego: “Mas eu também não posso ir porque não posso andar!” Então o aleijado subiu nos ombros do cego e eles comeram dos figos.

Passado um tempo, o rei cobrou: ”Onde estão os figos? O cego disse: “E como vou saber? Eu sou cego!”. O aleijado também se desculpou: “E eu, como vou saber? Eu sou aleijado!”. O rei, porém, era esperto; carregou o aleijado, colocou-o sobre os ombros do cego e disse: “Foi assim que comeram os figos!”

A sabedoria popular judaica inclui conselhos que, se observados, farão com que a distância da intenção em relação à conduta nos manterá longe das tentações da vida, tendo a noção exata do certo e do errado numa dimensão mais próxima da realidade. É nesse processo evolutivo que tomamos consciência de que não somos apenas corpo que nos serve de vestimenta para a alma. É na transparência da alma que temos a dimensão da lucidez nos tornando só UM.
“Onde quer que nossos pensamentos estejam, é lá que estamos”.
As metáforas apresentadas neste conto tentam reproduzir a relação entre o corpo e a alma. O corpo mutilado sem pernas para alcançar e olhos para ver encontrará na alma a transparência, a essência da existência, onde reside o bem e o mal. Neste duelo estará o Divino para julgar atos dissimulados e cometidos, fazendo com que nos percamos de nós mesmos.
“Uma consciência culpada não necessita de nenhum acusador”. (Talmude)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Conto Judaico

     Conta-se que em certa região da Europa já não chovia há meses. Os agricultores estavam desesperados. Como é de costume na tradição judaica em períodos de seca, institui-se um dia de jejuns e orações. Desde tempos bíblicos, o jejum está associado à contrição e à concentração, ingredientes tidos como fundamentais para orações e rituais petitivos.

     A dita cidade resolveu decretar um dia de orações e jejum para pedir chuva. Todos ocorreram à sinagoga, mas o rabino não apareceu.

     Resolveram procurá-lo em sua casa e, para surpresa geral, ele estava tranquilamente almoçando.

     Perguntaram:
‘”Desculpe-nos pela intromissão, ilustríssimo rabino, mas acaso o senhor não sabe que hoje foi decretado um jejum?”

     O rabino, sem se abalar, respondeu:

     - “Jejum? Por quê?”, - reagiu, ironicamente.

     - Porque estamos atravessando uma seca muito intensa. Por isso estamos nos congregando na sinagoga com muita fé à espera de milagres.

     O rabino foi, então, até a janela e, observando a multidão que ocorria à sinagoga, disse:

     -Fé? Então todos estão rezando por chuva, mas não há um único indivíduo carregando um guarda-chuva.



     O judaísmo não é simplesmente uma questão de fé, também é um modo de vida condicionado à fé.

     Dentre os textos judaicos populares temos argumentos contraditórios abordando tanto a fé quanto a dúvida.

     A intenção da fé, muitas vezes, mantém uma distância em relação à conduta, aceitando que milagres sejam possíveis, mas desconfiando deles. Muitas vezes o milagre parece acontecer mais pela vontade e pelo esforço, lembrando os dizeres do Talmude “ESPERE O MILAGRE COM FÉ, PORÉM AJA COMO SE ELE FOSSE IMPOSSÍVEL”. Contradizendo dessa forma as palavras de um mestre chassídico que, em sua sabedoria, legou a nossa cultura os dizeres “UM HOMEM DEVERIA ACREDITAR EM DEUS PELA SUA FÉ E NÃO PORQUE VÊ MILAGRES”.

     O imaginário é o lugar onde habitamos e a escolha cabe a nós, dependendo de nossas intenções encontraremos o verdadeiro caminho para o que acreditarmos.