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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Conto Judaico

     Conta-se que em certa região da Europa já não chovia há meses. Os agricultores estavam desesperados. Como é de costume na tradição judaica em períodos de seca, institui-se um dia de jejuns e orações. Desde tempos bíblicos, o jejum está associado à contrição e à concentração, ingredientes tidos como fundamentais para orações e rituais petitivos.

     A dita cidade resolveu decretar um dia de orações e jejum para pedir chuva. Todos ocorreram à sinagoga, mas o rabino não apareceu.

     Resolveram procurá-lo em sua casa e, para surpresa geral, ele estava tranquilamente almoçando.

     Perguntaram:
‘”Desculpe-nos pela intromissão, ilustríssimo rabino, mas acaso o senhor não sabe que hoje foi decretado um jejum?”

     O rabino, sem se abalar, respondeu:

     - “Jejum? Por quê?”, - reagiu, ironicamente.

     - Porque estamos atravessando uma seca muito intensa. Por isso estamos nos congregando na sinagoga com muita fé à espera de milagres.

     O rabino foi, então, até a janela e, observando a multidão que ocorria à sinagoga, disse:

     -Fé? Então todos estão rezando por chuva, mas não há um único indivíduo carregando um guarda-chuva.



     O judaísmo não é simplesmente uma questão de fé, também é um modo de vida condicionado à fé.

     Dentre os textos judaicos populares temos argumentos contraditórios abordando tanto a fé quanto a dúvida.

     A intenção da fé, muitas vezes, mantém uma distância em relação à conduta, aceitando que milagres sejam possíveis, mas desconfiando deles. Muitas vezes o milagre parece acontecer mais pela vontade e pelo esforço, lembrando os dizeres do Talmude “ESPERE O MILAGRE COM FÉ, PORÉM AJA COMO SE ELE FOSSE IMPOSSÍVEL”. Contradizendo dessa forma as palavras de um mestre chassídico que, em sua sabedoria, legou a nossa cultura os dizeres “UM HOMEM DEVERIA ACREDITAR EM DEUS PELA SUA FÉ E NÃO PORQUE VÊ MILAGRES”.

     O imaginário é o lugar onde habitamos e a escolha cabe a nós, dependendo de nossas intenções encontraremos o verdadeiro caminho para o que acreditarmos.

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