Páginas

sábado, 25 de junho de 2011

Um bolo eternamente sujo

 

  Um velho e rico avarento andava pela rua com um bolo que acabara de comprar, quando este lhe caiu das mãos e rolou pela poeira e lama da estrada. Neste momento, um pedinte passou por ele e lhe pediu algo para comer. O avaro deu-lhe imediatamente o bolo sujo, contente por se livrar dele.
     Nessa noite, o rico avaro sonhou que estava sentado num animado café, cheio de gente, com os empregados atarefados a trazer para as mesas as mais preciosas delícias da pastelaria, e só ele não era servido.
     Ele esperou até que se lhe esgotou a paciência e decidiu reclamar. Depois de tanto esperar, um dos empregados lhe trouxe um pedaço de bolo, sujo e coberto de lama.
    -“Então, o que é isto? Como se atreve a trazer-me um bolo todo emporcalhado? Sabe quem eu sou? Sou um homem muito rico e não mereço ser tratado dessa maneira.”
     O empregado encolheu os ombros:
    - ”Desculpe-me, mas o senhor está enganado. Aqui não se pode comprar nada com o seu dinheiro, o senhor chegou à Eternidade e só tem direito ao que enviou antecipadamente do Mundo dos Vivos e a única coisa que mandou foi este bolo sujo e enlameado, e será a única coisa que lhe poderei servir.”
A pretensão de superioridade leva a manifestações ostensivas de arrogância, mas a soberba não é só privilégio dos ricos, não vem só através de bens materiais. Muitas pessoas se sentem superiores a outras por se acharem melhor no que fazem. Para o soberbo, ele deve estar sempre no topo depreciando o outro, vangloriando-se de sua suposta superioridade.
     De tudo que existe no mundo podemos absorver ensinamentos para nossa vida, para a busca das nossas verdades, para o nosso crescimento espiritual.
     Neste conto, o avaro, através de um sonho, tem sua vida exposta do oculto para a realidade, mostrando que o que aqui fazemos nos será cobrado adiante. O dinheiro, a riqueza e a avareza induzem ao erro, sendo necessário que uma situação externa, com necessário distanciamento (como o sonho) leve à lógica do discernimento que D’us nos dá o que nos provém, mas com sua Sabedoria nos cobra o que não sabemos utilizar para o bem comum.
     Segundo Pirkê Avot: “Sê cuidadoso tanto na prática de uma mitzvá menor como de uma mitzvá importante, pois tu não conheces a recompensa que vem de uma ou de outra.”
     “Reflete em três coisas e não cairás no poder da transgressão: sabe de onde tu vens, para onde vais e diante de Quem estás destinado a prestar contas no futuro.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário