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terça-feira, 12 de julho de 2011

A CARTEIRA

    Um homem pobre achou uma carteira com mil rublos.
     No dia seguinte, quando foi à sinagoga, ouviu que o banqueiro Yossel tinha perdido uma carteira com mil rublos e prometeu uma recompensa de cinquenta rublos a quem achasse e lhe devolvesse.
     Depois do serviço, ele foi rapidamente à casa do Yossel, bateu na porta e quando este abriu, ele entregou a carteira com os 1000 rublos.
     Yossel pegou a carteira, contou o dinheiro e disse: - “Vejo que você já pegou a recompensa. Tinha mil e cinquenta rublos na carteira e agora só tem mil.”
     “Mas isso não é verdade”, protestou o pobre homem. “Só tinha 1.000 rublos aqui.        Você me deve cinquenta rublos de recompensa.” Os dois discutiram e no final concordaram em ir ao rabino para julgar o caso.
     Os dois apresentaram o caso ao rabino. O pobre homem reclamou que tinha 1.000 rublos na carteira e que Yossel lhe devia 50 rublos de recompensa por ter devolvido a carteira.
     Mas Yossel, o banqueiro, dizia que tinha 1.050 rublos na carteira e que não devia nada.
     “Rabino, o senhor precisa acreditar em mim,” acrescentou, o homem rico.
     “Certamente acredito no senhor,” respondeu o rabino. Agora, o homem rico estava cheio de sorrisos, enquanto o pobre homem estava devastado.
      Então, o rabino pegou a carteira e deu ao pobre homem. “É seu. Pode ficar com você!”
     “O que o senhor está fazendo,” protestou o homem rico, com raiva. “O senhor não acredita em mim, rabino?”
     “Certamente acredito em você. Você falou que era honesto e acredito em você.    Acredito que tivesse 1.050 rublos em sua carteira. No entanto, devo acreditar que o pobre homem aqui também seja um homem honesto, pois lhe devolveu a carteira. Se ele fosse desonesto, teria ficado com a carteira inteira com todo o dinheiro. Agora que sei que vocês dois são pessoas honestas, tenho que acreditar que a carteira em questão não é a que você perdeu e deve ser de outra pessoa. “Então, até que o dono de verdade apareça, a carteira ficará com ele.”
     “Mas e o meu dinheiro?”  perguntou o homem rico.
     “Ora, você terá somente que esperar até que alguém ache uma carteira com exatamente 1.050 rublos e lhe devolva!”
    A honestidade é um dos preceitos que nos foi ofertado por D’us. Ele nos presenteou também com o livre arbítrio. Temos a opção de sermos ou não honestos. Sabemos também que o “olho Divino” estará sempre observando e julgando nosso comportamento e atos.

    Neste conto, encontramos a diversidade de comportamentos representada pelo homem pobre e honesto e o homem rico e ganancioso. Vemo-nos diante de situações reais onde quem mais tem, em geral, procura obter mais usando artifícios condenados por nossas leis morais.

    O tirar proveito usando a mentira, o denegrir a moral do outro, o tirar vantagem de quem pouco tem são colocados em evidência e levados à frente de um rabino, para que a luz de sábio dom dê o veredicto do certo ou errado.

    Ao ouvir a história, contada na versão de cada um, usa de toda sua sabedoria, sem procurar ferir com palavras, mas usando fatos, conclui que a carteira não cabe ao homem rico, que diz possuir quantia maior que a encontrada para não cumprir com o combinado.

    O rabino diz acreditar que, não correspondendo ao valor dito, a carteira não pode ser dele, e como não tem dono, o pobre homem pode ficar com ela.

    Por tão pouco, por sua ganância, a tudo perdeu.

    Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga.

    “Se D’us criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?”

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