Um rabino estava com a casa cheia de convidados no Shabat, e por isso seus filhos estavam um pouco agitados, principalmente Moshé, o caçula. O garoto não parava quieto, ficava de pé na cadeira e colocava toda hora o pé na mesa. Apesar disso, seu pai continuava tranquilo, dando pequenas broncas para o filho acalmar.
No meio da janta, quando o clima já estava bem mais tranqüilo, o pequeno Moshé falou para o pai uma mentira. Desta vez o pai se levantou, deu uma grande bronca em Moshé e mandou-o para o quarto. Os convidados estranharam. Quando o menino estava bagunçando, colocando até o pé na mesa, o pai não havia feito quase nada, mas agora que o menino tinha contado apenas uma mentirinha inocente, por que ser tão duro? O pai explicou:
- Vocês já perceberam que não existem adultos que colocam o pé na mesa. Por quê? Pois é parte natural do amadurecimento, a criança um dia entende que isso é feio e naturalmente deixa de fazer. Mas ao contrário, vocês sabem que existem muitos adultos que falam mentira a vida inteira. Por quê? Pois nunca foram educados sobre a gravidade da mentira, cresceram achando que não há nada de mal em uma mentirinha “inocente” e nunca amadureceram neste ponto. Eu quero, desde já, que meu filho entenda o peso verdadeiro das coisas. Com certeza ele crescerá com muito mais consciência e disciplina.
Se estamos numa leitura errônea da realidade, devemos ser cuidadosos com nossas palavras, para que elas não nos façam mentir, porque pequenas mentiras “inocentes” podem se transformar numa grande e perigosa mentira.
Os processos de pensamento são muitas vezes fraudulentos e facilmente se deixam enganar entrando numa dimensão emocional de que uma boa mentira seja melhor que uma dura verdade.
A formação do caráter da criança está em constante evolução, sendo necessário fazê-lo discernir o certo do errado, evitando distorções que dificultem seu processo de reflexão e crescimento.
Qual a essência da verdade e a conseqüência de “uma mentirinha inocente”?
Um grande fator para que se chegue à sentença justa é fazer com que identifiquemos em nós mesmo essas tendências pois, é de pequeno que se assimila os valores éticos e morais.
Neste conto, o pai é a figura, que parece castigar, mas que ao seu modo está ensinando o caminho correto para que seu filho não cometa no futuro, ações com conseqüências danosas para sua vida em sociedade. Este pai somente julga o ato de mentir, pois este será o princípio para grandes mentiras, para uma mudança de caráter, ficando na dependência de compromissos que ferem nossa moral judaica.
E isso a Torá nos diz:
“Eleva-te agora, antes que os anos escoem até a velhice, deixando-te irremediavelmente escravo dos teus hábitos e de uma rotina estéril e vazia.”
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