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domingo, 3 de julho de 2011

A RAPOSA E A VINHA


     O Rei Salomão, o mais sábio de todos os homens, lembra-nos de ser muito humildes, pois um homem vem a este mundo sem nada, e assim o deixará, sem riquezas.
      Nossos sábios nos contam a seguinte parábola, para que estas palavras de Salomão permaneçam frescas em nossa memória:
       Uma astuta raposa passava por um lindo vinhedo. Uma cerca alta e espessa cercava a vinha por todos os lados. Ao circular ao redor da cerca, a raposa encontrou um buraquinho, suficiente apenas para que ela passasse a cabeça por ele. A raposa podia ver as uvas suculentas que cresciam na vinha, e sua boca começou a salivar. Mas o buraco era muito pequeno para ela.
        O que fez a esperta raposa? Jejuou por três dias, até tornar-se tão magra que conseguiu passar pelo vão.
        No vinhedo, a raposa começou a comer à vontade. Ficou maior e mais gorda que antes. Até que quis sair da plantação. Ai dela! O buraco estava pequeno demais novamente. O que poderia fazer? Jejuou então três dias, até que conseguiu espremer-se pelo buraco e passar para fora outra vez.
         Voltando-se para olhar a vinha, a pobre raposa disse: “Vinha, ó vinha! Como pareces adorável, e como são deliciosas tuas frutas. Mas que bem me fizeste? Assim como a ti cheguei, assim eu te deixo...”
         E assim, dizem nossos sábios, também acontece com este mundo. É maravilhoso, mas da mesma forma que um homem chega neste mundo com as mãos vazias, assim os deixa. Apenas a Torá que estudou, as mitsvot que cumpriu e as boas ações que praticou são os verdadeiros frutos que poderá levar com ele.


       A vida constantemente nos põe à prova diante de situações de causa e efeito fazendo com que sintamos dificuldade em estabelecer uma relação entre o desejo e a limitação de nossa estrutura, a percepção entre o bem e o mal, o certo e o errado, tornando as decisões extremamente duvidosas e convidativas para cometermos erros, que trarão consequências no nosso julgamento futuro. A tentação é na maioria das vezes a expressão do desejo.
     Nesta metáfora, encontramos a raposa sucumbindo ao desejo da posse do ”outro”, não medindo conseqüência para alcançá-lo.
      É comum nos depararmos, na vida real, com situações similares, onde as fronteiras do possível que estão em nossa mente rompem-se não deixando que percebamos e reflitamos sobre nossos atos presentes.
      A “Ética dos Ancestrais”, com toda sua sabedoria nos diz:
     “Os que nascem estão destinados a morrer, a ser vivificados... Não penses que tua sepultura é teu refúgio, pois sem o teu consentimento foste formado, sem o teu consentimento foste feito viver, sem o teu consentimento foste feito morrer e sem teu consentimento te será exigido prestar contas.”

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